No mundo atual, Escola sem Partido é um tema que tem ganhado grande relevância e continua a gerar interesse em diversas áreas. Seja no campo da saúde, da tecnologia, da cultura ou da política, Escola sem Partido tornou-se um ponto de discussão e análise tanto para especialistas como para não especialistas. A importância de compreender e aprofundar este tema reside no seu impacto no nosso quotidiano, bem como na sua capacidade de influenciar o curso da história. Portanto, é essencial explorar as diferentes facetas e dimensões de Escola sem Partido para compreender o seu alcance e significado no contexto atual. Neste artigo iremos nos aprofundar nos aspectos mais relevantes de Escola sem Partido, a fim de esclarecer sua importância e significado na sociedade atual.
Projetos de leis influenciados pelo Escola Sem Partido, com seus respectivos números e parlamentares proponentes.[nota 1] Projetos de âmbito municipal Projetos de âmbito estadual Projetos de âmbito nacional
O movimento foi criado em 2004 pelo advogadoMiguel Nagib,[9][10][11][12] que permaneceu o divulgando até 2019.[13] O movimento se coloca como representante de pais e estudantes contrários ao que chamam de "doutrinação ideológica" de esquerda nas escolas.[1][14][15][16] Segundo Nagib, o Escola sem Partido consiste em afixar nas escolas um cartaz com uma lista por ele chamada de "deveres do professor".[17] Professores e demais especialistas em educação criticam duramente o movimento.[18][19][20]
O que a gente defende é que alguns dos ensinamentos de Paulo Freire se chocam com a Constituição. Nossa crítica é de natureza jurídica, porque o uso da sala de aula para efeito de transformação da sociedade, como ele defendia, dependendo da maneira com que isso é aplicado, viola a liberdade dos alunos e a neutralidade política e ideológica do Estado.
Segundo Nagib, os estudantes são prejudicados por serem obrigados a permanecer em sala de aula, enquanto por outro lado, professores se beneficiam dessa condição: "A partir do momento em que o professor se aproveita dessa circunstância não para falar de forma parcial equilibrada, mas para promover as suas próprias preferências, ele está violando a liberdade de consciência e de crença dos alunos", explica o coordenador do movimento.[32]
Os integrantes do Escola Sem Partido elaboraram um anteprojeto de lei que prevê a fixação do cartaz com os deveres do professor nas salas de aula. De acordo com Nagib, a presença do cartaz em sala de aula tem o objetivo de informar os estudantes sobre o direito que eles têm de "não serem doutrinados".[30]
O Escola Sem Partido tem apoiado as muitas propostas inspiradas nas ideias do movimento que têm sido apresentadas nas assembleias legislativas e câmaras municipais de todo o país,[26][33] a maioria delas por parlamentares católicos ou evangélicos.[34]
Em abril de 2015 a Assembleia Legislativa de Alagoas derrubou, por 18 votos a 8, o veto do governador Renan Filho (PMDB) a um projeto de lei dessa natureza. Em maio o presidente em exercício da Assembleia, deputado Ronaldo Medeiros (PMDB), promulgou a Lei n.º 7 800/16, instituindo o programa naquele estado. Desde então a Secretaria Estadual de Educação informou que não vai implementar a lei. O programa afetaria nove por cento das escolas alagoanas, já que recairia somente sobre as instituições estaduais de ensino.[35] Em julho, a Advocacia-Geral da União (AGU) enviou um parecer ao Supremo Tribunal Federal defendendo a inconstitucionalidade da lei alagoana. Segundo a AGU a lei afronta o pacto federativo pois "cabe privativamente à União legislar sobre as diretrizes e bases da educação nacional".[35]
Um dos quase 60 projetos de lei influenciados pelo movimento[21] foi apresentado pelo senador e pastor evangélico Magno Malta (PR) ao Senado do Brasil, juntamente com uma proposta de consulta pública sobre o Programa Escola sem Partido.[36] O projeto de lei foi apresentado em junho de 2016 e intitulado PLS 193/2016.[37] Assim como os demais, o projeto visa limitar a atuação dos professores para impedir que eles promovam suas crenças ideológicas e partidárias em sala de aula ou que incitem os estudantes a participarem de protestos populares.[3] Como parte da limitação é buscada uma tipificação de crime chamado no projeto de “assédio ideológico” em sala de aula.[38]
Em outubro de 2018, pouco após a eleição de Jair Bolsonaro para presidente, o relator do Escola sem Partido na Câmara dos Deputados, deputado Flavinho (PSC), adicionou alterações na redação do projeto na véspera da votação, deixando-o mais restritivo. No novo texto, noções como "gênero", "orientação sexual", "ideologia de gênero" e "preferências políticas e partidárias" não podem fazer parte de "materiais didáticos e paradidáticos", "conteúdos curriculares", "políticas e planos educacionais" e "projetos pedagógicos das escolas" (antes, era apenas "materiais didáticos e paradidáticos"), entre outras restrições.[40] A votação do projeto, prevista para ocorrer no dia 31 de outubro, foi adiada para a semana seguinte.[41]
Segundo os apoiadores do projeto, em uma sociedade livre, as escolas não devem funcionar como centro de doutrinação, mas sim fornecer uma formação ideologicamente neutra e voltada ao aprendizado. O movimento alega que existe um processo de doutrinação ideológica de cunho esquerdista muito forte nas escolas.[53][54] Os apoiadores do movimento defendem que questões como religião e gênero tampouco devem ser abordadas em sala de aula, mas apenas na esfera familiar.[30]
Professores, estudantes, políticos e juristas criticaram o programa Escola sem Partido.[55][27][56][57] A reitora da UNIFESP, Soraia Smaili, criticou duramente o programa porque ele restringiria a liberdade de expressão e prejudicaria a plena formação nas escolas de todos os níveis.[58]
Especialistas em educação também criticaram o programa, afirmando que nada na sociedade é isento de ideologia e que o Escola Sem Partido, na verdade, é uma proposta carregada de conservadorismo, autoritarismo e fundamentalismo cristão. Também afirmaram que, apesar do discurso de aparente neutralidade, o Escola sem Partido defende uma escola sem espaço para discussão da cidadania.[32]
Com a aprovação do projeto, de acordo com os críticos do programa, o aluno não vai desenvolver o pensamento crítico. Afirmam também que a educação moral não é prerrogativa exclusiva da família.[30]
Estudantes e professores que se manifestaram contra o projeto de lei o chamam de "Lei da Mordaça". Diversos alunos secundaristas e universitários ocuparam instituições de ensino em protesto contra o projeto de lei, que foi uma das pautas das mobilizações estudantis de 2016.[60]
Em 2015, professores da área de educação e estudantes da Universidade Federal Fluminense criaram um movimento contrário ao Escola sem Partido na rede social Facebook, chamado "Professores Contra o Escola sem Partido".[65][66][67] É um dos primeiros movimentos sociais de oposição direta às propostas do Escola Sem Partido e um dos principais divulgadores de notícias a respeito, além de criar análises e reflexões sobre o assunto e mobilizações.[68] Também ajudam a identificar casos e a denunciar ameaças ou assédio moral em ambiente escolar.[69] Para eles, o Escola sem Partido é, definitivamente, uma ameaça à educação e à sociedade brasileira.[70]
Para Guacira Lopes Louro, existe a necessidade de a escola acompanhar as tendências de sexualização das crianças da mídia, não havendo nada de anormal no que se convencionou chamar de "ideologia de gênero".[71] Este termo está presente no discurso do Movimento Escola Sem Partido, sendo internalizado por famílias e estudantes e tem como objetivo propagar um ensino moralizante, contrário aos princípios de formação libertadora, crítica e que atenda às pluralidades.[72]
Representantes de entidades educacionais de 87 países assinaram uma moção contra a censura a professores durante a 6.ª Assembleia Mundial da Campanha Global pela Educação, que ocorreu entre os dias 16 e 18 em Katmandu, no Nepal. A assinatura do documento foi proposto pela Campanha Latinoamericana pelo Direito à Educação (Clade), com apoio, entre outras, de entidades da Noruega, da Alemanha e de Angola. A moção cita o movimento Escola sem Partido como um dos que incentiva a censura aos docentes.[73] Situações similares ao Escola Sem Partido foram aplicadas em países como Arábia Saudita e movimentos afiliados como o Daesh.[74][75][76]
Baseado nas alegações do Escola sem Partido, o colunista e editor da Folha de S.Paulo Marcelo Coelho analisou aspectos relacionados ao golpe de 1964, ao governo de Cuba e à queda do muro de Berlim em três livros de história publicados por grandes editoras brasileiras, Moderna, FTD e Ática, nos anos de 2015, 2017 e 2018. Coelho concluiu que as alegações do movimento não correspondem à realidade apresentada nestes livros de grande circulação nas escolas, afirmando ainda que a repressão, controle e espionagem de professores é odiosa e que "a doutrinação de esquerda é puro delírio". Ele conclui ironizando que "Reprimir é coisa de fanáticos; de golpistas; pior. Usarei o termo? De comunistas."[15] O reitor da UFRJ, Roberto Leher declarou que existe também uma lógica econômica por detrás do Escola Sem Partido.[77]
Fim
No dia 18 de julho de 2019, Miguel Nagib anunciou que o movimento seria encerrado em 1º de agosto devido à falta de apoio do presidente Jair Bolsonaro[13]
“
Sentimos falta de apoio. Não temos recursos. Não esperávamos um suporte do governo, mas um apoio político do presidente Bolsonaro
↑ ab«Pais interferem em escolas que abordam questão de gênero nos livros e vetam conteúdo». O Globo. 29 de julho de 2017. Consultado em 29 de julho de 2017. Miguel Nagib, porta-voz do Escola sem Partido, movimento contrário à doutrinação política e ideológica na educação com forte cunho religioso, que pressiona pela aprovação de projetos de lei com regras e sanções a educadores, diz que a preocupação está nos conteúdos passados de forma dogmática.
↑ abEscola sem Partido. «Quem somos». www.escolasempartido.org. Consultado em 30 de julho de 2017
↑ abCoelho, Marcelo (13 de fevereiro de 2019). «Afinal, cadê a doutrinação comunista?». Folha de S.Paulo. Cópia arquivada em 13 de fevereiro de 2019. Mas falar em "doutrinação de esquerda" é puro delírio. Mesmo se fosse, o projeto de controlar a opinião de professores pela espionagem informal e por sanções legislativas é odioso. Se há uma "guerra cultural" pela "hegemonia gramsciana" do "marxismo", que os incomodados reajam pelo debate, com seus próprios livros e publicistas. Aliás, já fazem isso com sucesso. Reprimir é coisa de fanáticos; de golpistas; pior. Usarei o termo? De comunistas.
↑O Estado de S. Paulo - Após bancada evangélica vetar educador, Bolsonaro anuncia colombiano para Educação. Renata Cafardo, 22 Novembro 2018. Acessado em 23/11/2018.
↑Santana, Ana Elisa (20 de julho de 2016). «Escola sem Partido: entenda o que é o movimento que divide opiniões». UOL. De acordo com Nagib, a presença do cartaz em sala de aula tem o objetivo de informar os estudantes sobre o direito que eles têm de "não serem doutrinados". Na contramão dessa ideia, estudiosos especialistas em educação criticam o programa afirmando que nada na sociedade é isento de ideologia, e que o Escola Sem Partido, na verdade, é uma proposta carregada de conservadorismo, autoritarismo e fundamentalismo cristão.
↑BUTLER, Judith. "Corpos que pesam: sobre os limites discursivos do sexo". Tradução de Tomaz Tadeu da Silva. In: LOURO, Guacira Lopes (Org.). O corpo educado. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2001. p. 56.
↑Santos, Marina Silveira Bonacazata; Miesse, Maria Carolina; Carvalho, Fabiana Aparecida de; Queiroz, Leonardo Cordeiro de; Souza, Vânia de Fátima Matias de (2 de julho de 2021). «Escola sem Partido e as discussões de gênero e sexualidade: impactos curriculares». Universidade de Brasília. Revista Linhas Críticas. 27: e35543. Consultado em 24 de fevereiro de 2022
Caldas, Renan Rubim (2017). «O antimovimento social "Escola Sem Partido" e a negação da produção de subjetividades nos espaços públicos". Encontro Nacional Anpuh, 2017» 🔗(PDF). Encontro Nacional Anpuh
Mattos, Amana Rocha; de Mello Magaldi, Ana Maria Bandeira; Costa, Carina Martins; Silva, Conceição Firmina Seixas; de Araujo Penna, Fernando; Velloso, Luciana; Leonardi, Paula; Alberti, Verena (2016). «"Escola sem Partido" ou educação sem liberdade?». Cadernos da Educação Básica. 1 (2): 155–159. Consultado em 11 de abril de 2017
Oliveira, Iuska Kaliany Freire de (2018). «"Rede Social e Resistência: Professores Contra o Escola sem Partido monitoram projetos em tramitação no país"». In: V Senacem: Seminário Nacional do Ensino Médio. Mossoró, Rio Grande do Norte. ISSN 2447-0783
Ramos, Moacyr Salles; Stampa, Inez (2016). «Trabalho docente, repressão e resistência pós-1964»(PDF). REPRESSÃO, RESISTÊNCIA E MEMÓRIA DOS TRABALHADORES DA CIDADE E DO CAMPO. 55 páginas. Consultado em 11 de abril de 2017