Figueira

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Figueira
Ficus carica
Ficus carica
Classificação científica
Reino: Plantae
Clado: angiospérmicas
Clado: eudicotiledóneas
Clado: rosídeas
Ordem: Rosales
Família: Moraceae
Género: Ficus
Espécies
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As figueiras, também conhecidas como fícus, são plantas, geralmente árvores, do gênero Ficus, da família Moraceae. Há cerca de 755 espécies de figueiras no mundo, especialmente em regiões de clima tropical e subtropical e onde haja presença de água. O gênero Ficus é um dos maiores do Reino Vegetal.

As figueiras podem crescer de forma enérgica e por isso não é indicado que se cultivem figueiras de grande porte perto de casas, pois o crescimento de suas raízes têm a capacidade de deformar as paredes das residências.

Por fornecerem alimentos a aves, símios, morcegos e outros animais dispersores de sementes, têm importância na preservação das vegetações nativas tropicais e subtropicais. Os figos caídos no solo e na água servem também de alimentos a vários outros animais, incluindo peixes e insetos.

Morfologia

As figueiras são normalmente árvores, embora algumas espécies não cresçam muito e permaneçam como arbustos. Outras são trepadeiras, como o Ficus pumila, havendo ainda espécies rasteiras. Em todos os casos são plantas lenhosas, muitas com caule de forma irregular ou escultural, com raizes adventícias e superficiais. As folhas são alternas, usualmente providas de látex. Nas extremidades dos galhos ocorrem estípulas. As flores são diminutas, unissexuais, reunidas em inflorescências especiais denominadas sicónios, que consistem em um receptáculo fechado, com as flores inseridas no lado de dentro, e um orifício de saída no ápice, ou ostíolo. A expressão sicónio tem origem no nome de figo em grego (sykon). Os frutos são aquênios que amadurecem dentro do próprio sicónio, formando, por consequência, uma infrutescência.

As principais diferenças entre as espécies referem-se ao porte, forma do caule, forma, textura e consistência das folhas, cor, textura e forma dos sicónios. Há quatro subgêneros de Ficus separados entre si por características microscópicas em suas pequenas flores ou pela ocorrência de plantas dióicas (hermafroditas e femininas) ou de monóicas (hermafroditas). Outros autores(Berg, C.C. 2005) propõem 6 subgêneros: Pharmacosycea, Urostigma, Sycomorus, Ficus, Sycidium, e Synoecia.

Reprodução

Sincônio de Ficus lyrata em fase madura de floração.

As figueiras possuem um dos sistemas de reprodução mais curiosos da natureza. Suas flores, encerradas nos sicónios, não têm contato direto com o ambiente externo, de forma que o pólen não pode ser transferido de uma planta a outra espontaneamente.

Há uma série de espécies de vespas polinizadoras minúsculas que se aproveitam da proteção do sicónio para depositar seus ovos. Elas procuram sicónios cujas flores femininas estejam maduras, e depositam seus ovos em seus ovários. As larvas, ao eclodirem, se alimentam dos tecidos internos do sicónio. Quando atingem a fase adulta, os machos fecundam as fêmeas e, mais tarde, morrem, sem saírem dos figos, pois somente as vespas femininas são aladas. As fêmeas então procuram sair pelo ostíolo, passando pelas paredes internas do sicónio. Neste momento as flores masculinas estão maduras, de modo que as fêmeas são impregnadas de pólen, antes destas abandonarem os figos. As fêmeas então repetirão o ciclo de vida, procurando um sicónio com flores femininas para depositar seus ovos, e ao mesmo tempo fertilizar as flores femininas maduras com o pólen trazido do sicónio onde nasceram. As sementes, necessárias à propagação das figueiras, serão formadas a partir das flores polinizadas.

Quanto ao tipo de reprodução, existem dois tipos de figueiras, as monóicas e as dióicas.

As monóicas produzem figos com flores masculinas e femininas de estilete curto e longo. Nas flores femininas de estilete curto, crescem as larvas das vespas, e nas femininas de estilete longo, são formadas as sementes. Todas as figueiras nativas do continente americano são monóicas.

As figueiras dióicas se apresentam com dois tipos de plantas: as masculinas e as femininas. As plantas masculinas produzem figos que contêm as flores femininas de estile curto, onde as vespas machos e fêmeas crescem, e as flores masculinas, de onde é coletado o pólen. Os sicónios das plantas masculinas são designados por caprifigos. As plantas femininas produzem figos que possuem flores femininas de estilete longo, onde as sementes se formam, e também flores masculinas estéreis.

As figueiras da espécie Ficus carica, onde crescem os figos comestíveis, são dióicas. Os figos comestíveis crescem nas plantas femininas, já que os caprifigos não são saborosos.

No Brasil são cultivadas somente as figueiras femininas da espécie Ficus carica, por isso a reprodução destas figueiras é feita por meio de estacas, já que os figos cultivados não possuem sementes. Os figos crescem neste caso por um processo biológico designado por partenocarpia. Na Europa e do Oriente Médio vários figueirais da espécie Ficus carica são cultivados sob a presença da vespa polinizadora e os figos comestíveis cultivados podem conter sementes viáveis. Para que os figos sejam polinizados, levam-se figos masculinos, de onde saem as vespas polinizadoras, aos figueirais. Este processo de cultivo é designado de caprificação. Os figos secos importados da Turquia são cultivados desta forma.

História

Figueiras (Ficus organensis)

As figueiras ocorrem em todos os continentes, com exceção da Antártica.

A figueira do figo comestível (Ficus carica) é a primeira planta descrita na Bíblia, quando Adão se veste com suas folhas, ao notar que está nu. A origem da espécie parece ser do Oriente Médio.

O figo comestível era cultivado em todas as civilizações do Mediterrâneo na antiguidade, incluindo os povos egípcios, judeus, gregos e romanos. O figo comestível tinha a vantagem de poder ser secado e se manter adequado à alimentação durante meses. Para atravessar o deserto, os povos antigos do Oriente Médio e norte da África utilizavam frutas secas, entre elas o figo, ricas em nutrientes e fáceis de conservar.

Como as espécies ocorrem nos continentes americano, africano, asiático, na Europa e na Oceania existem várias tradições culturais dos povos destes continentes, incluindo tradições religiosas, que tratam de figueiras.

O figo é considerado um fruto sagrado para os judeus. Ele faz parte dos sete alimentos que crescem na Terra Prometida, segundo a Torá (Deut. 8), o Antigo Testamento dos cristãos. São eles: trigo, cevada, uva, figo, romã, oliva e tâmara (representando o mel).

Para os budistas, a figueira Ficus religiosa é venerada pois, debaixo de uma delas, Buda teria alcançado a sua revelação religiosa.

Na Grécia antiga, o figo era considerado um importante alimento e a sua exportação era proibida.

A descoberta, por arqueólogos israelenses, de que o figo já era cultivado na Cisjordânia há 11 400 anos demonstra que, desde o neolítico, o figo é ingrediente importante no farnel de muitas civilizações, especialmente o figo seco, pois era conservado e armazenado para consumo em épocas adversas, como o inverno.

No Egito antigo, o figo era o alimento usado para a engorda do ganso para a produção do foie gras (o fígado de ganso gordo). Ainda no Egito, ele era também utilizado no preparo de pães artísticos, acrescentados à massa. Na Roma antiga, a técnica de engorda do ganso foi introduzida por Marco Gávio Apício (gastrónomo romano do século I d.C.). Ao lado do queijo e da cevada, o figo tinha um papel de destaque na Grécia antiga, principalmente em Esparta.

Os maias e os astecas utilizavam a casca de figueiras nativas da região para produzir o papel utilizado nos seus livros sagrados.

Cultivo

As figueiras podem ser cultivadas de duas formas principais: por semeadura e por estaquia.

O cultivo por semeadura pode ser feito no caso de se obter sementes viáveis de figos. Isto ocorre quase sempre nos locais onde a figueira é nativa.

O cultivo por estaquia é empregado no cultivo de figueiras da espécia Ficus carica no Brasil e também quando não se dispõe de sementes da espécie.

Espécies de figueiras mais populares

Ficus elastica Raízes superficiais de Ficus benjamina Caule estrangulador de Ficus clusiifolia F. sycomorus grande mas debilitado na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro Ficus religiosa

Classificação do gênero

Sistema Classificação Referência
Linné Classe Polygamia, ordem Polyoecia Species plantarum (1753)
Linné Classe Polygamia, ordem Trioecia Genera plantarum (1754)

Referências

  1. a b FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.775
  2. «Ficus_introduction». www.figweb.org. Consultado em 22 de janeiro de 2011 
  3. Carauta, Jorge Pedro Pereira (2002). Figueiras no Brasil. : Editora UFRJ. ISBN 8571082502 
  4. Berg, C. C. (2005). Moraceae (Ficus). Flora Malesiana: Seed Plants (em inglês). 17 2 ed. : Nationaal Herbarium Nederland. 730 páginas. ISBN 9071236617 
  5. Bíblia, Gen. 3:7
  6. Prato de resistência. Revista História Viva, nº 41, p.17
  7. FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.1 427
  8. Bíblia, Lc 19.1-2.
  9. FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.776
  10. https://prefeitura.poa.br/smamus/noticias/arvore-do-mes-figueira-e-escolhida-de-abril

Ligações externas