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Intolerância à lactose | |
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A lactose é constituída por dois açúcares simples separados pela lactase | |
Sinónimos | Deficiência de lactase, hipolactase |
Especialidade | Gastroenterologia |
Sintomas | Dor abdominal, sensação de barriga inchada, diarreia, gases, náuseas[1] |
Complicações | Não causa danos no trato gastrointestinal[2] |
Início habitual | 30–120 minutos após ingestão de lacticínios[1] |
Causas | Incapacidade de digerir lactose (genética, lesão no intestino delgado)[1] |
Método de diagnóstico | Sintomas desaparecem ao remover a lactose da dieta[1] |
Condições semelhantes | Síndrome do cólon irritável, doença celíaca, doença inflamatória intestinal, alergia ao leite[1] |
Tratamento | Diminuição da ingestão de lactose, suplementos de lactase, tratamento da causa subjacente[1] |
Frequência | De 10% (Europa do Norte) a 95% (partes da Ásia e África)[3] |
Classificação e recursos externos | |
CID-11 | 5C61.6 |
CID-10 | E73 |
CID-9 | 271.3 |
OMIM | 223100 150220 |
DiseasesDB | 7238 |
MedlinePlus | 000276 |
eMedicine | med/3429 ped/1270 |
MeSH | D007787 |
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Intolerância à lactose é uma condição em que a pessoa manifesta sintomas por não conseguir digerir corretamente a lactose, um açúcar presente nos lacticínios.[1] O nível de tolerância à lactose até que os sintomas comecem a aparecer varia de pessoa para pessoa.[1] Os sintomas mais comuns são dor abdominal, sensação de barriga inchada, diarreia, gases e náuseas.[1] Estes sintomas têm geralmente início entre 30 e 120 minutos após a ingestão de leite ou de derivados de leite.[1] A gravidade dos sintomas depende da quantidade ingerida.[1] A condição não causa qualquer lesão no trato gastrointestinal.[2]
A intolerância à lactose é causada pela insuficiência da enzima lactase no intestino delgado. Esta enzima é essencial para digerir a lactose no intestino, separando-a em glicose e galactose.[3] Existem quatro tipos de intolerância à lactose: primária, secundária, congénita e do desenvolvimento.[1] A intolerância à lactose primária é causada pela diminuição da quantidade de lactase no intestino à medida que a pessoa envelhece.[1] A intolerância à lactose secundária é causada por lesões no intestino delgado, como aquelas resultantes de uma infeção, doença celíaca, doença inflamatória intestinal ou outras doenças.[1][4] A intolerância à lactose do desenvolvimento pode ocorrer em bebés prematuros e geralmente melhora passado pouco tempo.[1] A intolerância à lactose congénita é uma doença genética extremamente rara em que desde o nascimento é produzida pouca ou nenhuma lactase.[1]
O diagnóstico pode ser confirmado quando os sintomas desaparecem depois de eliminar a lactose da dieta.[1] Podem ainda ser realizados outros exames complementares, como um teste respiratório de hidrogénio ou análises do pH fecal.[1] Entre outras condições que produzem sintomas semelhantes estão a síndrome do cólon irritável, doença celíaca e doença inflamatória intestinal.[1] A intolerância à lactose é uma condição distinta da alergia ao leite.[1] O tratamento geralmente consiste na diminuição da quantidade de lactose na dieta, em suplementos de lactase ou no tratamento da causa subjacente.[1][5] As pessoas intolerantes conseguem beber pelo menos um copo de leite por dia sem desenvolver sintomas significativos, podendo tolerar quantidades maiores se o leite for acompanhado de refeições ou tomado ao longo do dia.[1][6]
Desconhece-se o número exato de adultos com intolerância à lactose.[7] Estima-se que possa afetar 65% da população mundial.[8] A incidência da condição varia significativamente entre regiões, desde menos de 10% na Europa do Norte até 95% em algumas partes da Ásia e de África.[3] A doença tem geralmente início no fim da infância ou no início da idade adulta.[1] A capacidade de digerir lactose em adulto evoluiu de forma independente entre as várias populações humanas, provavelmente como forma de adaptação à domesticação de animais leiteiros há 10 000 anos.[9][3][10]
As três principais causas são:[11]
A intolerância à lactose também pode ser adquirida. Caso a criança pare de tomar leite por muito tempo, o organismo pode entender que não é mais necessário produzir a lactase.[12]
Também pode ocorrer em bebês prematuros, ainda incapazes de produzir lactase.
Apesar de todos os mamíferos ingerirem leite materno quando filhotes, eles não mantém a capacidade de digerir a lactose do leite depois de adultos. Os filhotes de mamíferos sintetizam a enzima lactase, que faz a quebra do carboidrato lactose, durante o período do aleitamento, mas os adultos não. Por isso, diz-se que todos os mamíferos são intolerantes à lactose.
No entanto, grande parte da população de seres humanos consegue digerir o açúcar do leite. Em 2002, um estudo finlandês chegou a conclusão de que existe uma mutação genética associada a essa condição médica. Atualmente, a teoria mais aceita é de que, há menos de 9 mil anos, na revolução neolítica quando se iniciou a domesticação dos animais, os seres humanos começaram a ingerir o leite das vacas. Apesar da maior parte dos humanos serem incapazes de digerir a lactose, ocorreu uma mutação em um indivíduo que deu a ele a capacidade de produzir a enzima lactase. Assim, ele absorvia mais nutrientes do leite da vaca, e tinha uma vantagem evolutiva sobre os demais. Essa característica genética foi sendo passada aos seus descendentes, até que grande parte da população humana atual tenha esse gene mutante.[13][14][15]
Culturas que bebem leite há muito tempo acabam tendo menor índice de intolerância à lactose, pois a seleção natural favorece os indivíduos que são tolerantes à substância. Por isso, em países nórdicos possuem pouca incidência de intolerância à lactose.[12]
A prevalência de intolerância à lactose varia muito de população para população, afetando, por exemplo, apenas 1% dos suecos enquanto entre os tailandeses a prevalência é de 98%.[16][17][18]
Cerca de 65% da população mundial adulta sofre de intolerância a lactose. Sendo que apenas 2% dos afetados de fato possuem sintomas extremamente nocivos a saúde necessitando assim de uma alimentação diferenciada. Esta parcela possui o transtorno desde sua infância onde ocorreu a troca do leite materno pelo convencional. A hipolactasia pode ser tratada pelos demais evitando o consumo de lácteos.
No Brasil chega a atingir 40% da população.[19] Em Portugal afeta cerca de 33% da população.[20]
Algumas mulheres recuperam a capacidade de consumir lactose durante a gravidez.
População | Indivíduos examinados | Intolerancia (%) | Reference | Frequência alélica[21] |
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Neerlandeses | N/A | 1 | [22] | N/A |
Dinamarqueses | N/A | 4 | [23] | N/A |
Australianos brancos | 160 | 4 | [24] | 0.20 |
Suecos | 129 | 5-7 | [25][26] | N/A |
Bascos | 85 | 8.3 | [27] | N/A |
Britânicos | N/A | 5–15 | [28] | 0.184-0.302[29] |
Alemães | 1805 | 6-23 | [30] | N/A |
Suiços | N/A | 10 | [24] | 0.316 |
Norte-americans brancos | 245 | 12 | [24] | 0.346 |
Tuaregues | N/A | 13 | [28] | N/A |
Finlandeses | N/A | 14-23 | [31] | N/A |
Bielorrussos | N/A | 15 | [32] | N/A |
Russos | N/A | 16 | [32] | N/A |
Ucranianos | N/A | 13 | [32] | N/A |
Austríacos | N/A | 15–20 | [28] | N/A |
Espanhóis (não-bascos) | N/A | 15 | [33] | N/A |
Franceses do Norte | N/A | 17 | [28] | N/A |
Italianos do Centro | 65 | 19 | [34] | N/A |
Mexicanos (a nível nacional) | N/A | 16 - 33 | [35] | N/A |
Indianos | N/A | 20 | [36][37] | N/A |
Tutsis | N/A | 20 | [24] | 0.447 |
Fulas | N/A | 23 | [24] | 0.48 |
Beduínos | N/A | 25 | [28] | N/A |
Portugueses adultos | 102 | 35 | [38] | N/A |
Italianos do Sul | 51 | 41 | [34] | N/A |
Crianças afro-americanas | N/A | 45 | [36] | N/A |
Lapões (Rússia e Finlândia) | N/A | 25–60 | [39] | N/A |
Italianos do Norte | 89 | 52 | [34] | N/A |
Norte-americanos hispânicos | N/A | 53 | [28] | N/A |
Balcânicos | N/A | 55 | [28] | N/A |
Homens mexicano-americanos | N/A | 55 | [36][37] | N/A |
Cretenses | N/A | 56 | [36] | N/A |
Maasai | 21 | 62 | [40] | N/A |
Franceses do Sul | N/A | 65 | [28] | N/A |
Cipriotas gregos | N/A | 66 | [36][37] | N/A |
Judeus, Mizrahi (Iraque, Irão, etc.) | N/A | 85 | [41] | N/A |
Judeus Asquenazes | N/A | 68.8 | [36][37] | N/A |
Judeus Sefarditas | N/A | 62 | [41] | N/A |
Judeus do Iêmen | N/A | 44 | [41] | N/A |
Sicilianos | 100 | 71 | [42][43] | N/A |
Mestiços do Peru | N/A | >90 | [28] | N/A |
Mexicanos rurais | N/A | 73.8 | [36][37] | N/A |
Afro-americanos | 20 | 75 | [24] | 0.87 |
Libaneses | 75 | 78 | [44] | N/A |
Inuit do Alasca | N/A | 80 | [36][37] | N/A |
Aborígenes australianos | 44 | 85 | [24] | 0.922 |
Africanos Bantu | 59 | 89 | [24] | 0.943 |
Asiático-Americanos | N/A | 90 | [36][37] | N/A |
Chineses Han do Nordeste | 248 | 92.3 | [45] | |
Chineses | 71 | 95 | [24] | 0.964 |
Sueste da Ásia | N/A | 98 | [36][37] | N/A |
Tailandeses | 134 | 98 | [24] | 0.99 |
Americanos nativos nos Estados Unidos | 24 | 100 | [24] | 1.00 |
A significância estatística deste números varia bastante de acordo com a dimensão da amostra.
Bactérias do intestino grosso são capazes de consumir parte da lactose, liberando metano no processo, o que gera flatulência, dor e inchaço. Quanto mais dessas bactérias e quanto maior e mais frequente o consumo de lactose piores são os sintomas. Nas fezes a lactose aumenta o acúmulo de água tornando-as aquosas.
Os sintomas mais comuns incluem dor abdominal, diarreia, flatulência, cãimbras, gases, assaduras, inchaço abdominal, náusea e vômito. Os sintomas aparecem entre 30 minutos a 2 horas após a ingestão dos derivados do leite, que contém lactose.[13]
O teste laboratorial utilizado na prática clínica para o diagnóstico de intolerância à lactose é o teste de tolerância à lactose que consiste em monitorar a glicose sanguínea após uma dose oral de lactose. O teste é considerado positivo se as medidas de glicemia não demonstrarem uma elevação de 18 mg/dL entre a glicemia de jejum inicial e as glicemias consecutivas realizadas 20, 40 e 60 minutos.[46]
É possível realizar um exame genético para verificar se a pessoa possui a mutação que a torna tolerante à lactose, com uma simples coleta de sangue.[14]
No Brasil, ainda não existe uma lei que obrigue os fabricantes de alimentos a identificar nas embalagens a presença ou ausência de lactose, como existe com o glúten, em que todos os rótulos de alimento possuem os dizeres "possui glúten" ou "não possui glúten". O Projeto de Lei 2663/2003 "obriga os fabricantes de produtos que contenham lactose a informar essa característica, no rótulo ou embalagem" e está em votação na Câmara dos Deputados há mais de 10 anos.[47]
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Obriga os fabricantes de produtos que contenham lactose a informar essa característica, no rótulo ou embalagem.