Milton Hatoum | |
---|---|
![]() | |
Nome completo | Milton Assi Hatoum |
Nascimento | 19 de agosto de 1952 (71 anos) Manaus, Amazonas |
Residência | São Paulo |
Nacionalidade | Brasileiro |
Ocupação | Escritor |
Principais trabalhos | Relato de um certo oriente: romance |
Prémios | Prémio Jabuti 1990, 2006 Prêmio Portugal Telecom de Literatura (2006) Ordem do Mérito Cultural (2008) |
Milton Assi Hatoum (Manaus, 19 de agosto de 1952) é um escritor, tradutor e professor brasileiro. Hatoum é considerado um dos grandes escritores vivos do Brasil.
Filho de um libanês com uma brasileira do Amazonas, ensinou literatura na Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e foi professor visitante nas Universidade da Califórnia, em Berkeley, e Sorbonne, em Paris. Escreveu seis romances: Relato de um Certo Oriente (1989), Dois Irmãos (2000), Cinzas do Norte (2005; este último vencedor do Prêmio Portugal Telecom de Literatura e todos os três primeiros ganhadores do Prêmio Jabuti de melhor romance), Órfãos do Eldorado, e dois volumes da trilogia O Lugar Mais Sombrio: A Noite da Espera (2017) e Pontos de Fuga (2019). Seus livros já venderam mais de 400 mil exemplares no Brasil e foram traduzidos em dezessete países, como a Itália, os Estados Unidos, a França e a Espanha.
Em 2018 recebeu o Prêmio Roger Callois (Maison de l'Amérique Latine/PEN Club-França). Em 2023, recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal do Amazonas.
Hatoum costuma em suas obras falar de dramas familiares com alcance histórico e político.
Nasceu na cidade de Manaus, no Amazonas. Aos quinze anos mudou-se para Brasília, cidade onde foi preso por participar de uma passeata contra o governo. Em 1970 mudou-se para São Paulo, onde ingressou, em 1972, na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. Foi perseguido ainda na FAU pelo DOPS da ditadura por participar do movimento estudantil. Em 1978, passou a lecionar História da Arquitetura na Universidade de Taubaté, onde permaneceu até pedir o afastamento devido a uma bolsa de estudos que lhe havia sido concedida na Europa. Em 1980, viajou para a Espanha como bolsista do Instituto Iberoamericano de Cooperación. Viveu entre Madri e Barcelona. Logo depois, mudou-se para a França, onde cursou pós-graduação na Universidade de Paris III.
Em 1984, Milton retornou a Manaus, onde passou a lecionar língua e Literatura francesa na Universidade Federal do Amazonas. Relato de um Certo Oriente foi publicado em 1989, quando ele tinha 37 anos.
Em 1999, mudou-se para São Paulo, onde iniciou o doutorado em Teoria Literária na USP. Em 2000, deligou-se da Universidade Federal do Amazonas e do programa de Pós Graduação da USP para se dedicar exclusivamente à literatura. Onze anos após a publicação do primeiro romance, Milton publica Dois Irmãos. Foi colunista do Terra Magazine, da revista Entrelivros, do jornal O Globo e do jornal O Estado de São Paulo. Vem publicando também em jornais e revistas brasileiras e estrangeiras e dando cursos e palestras em escolas, universidades e instituições.
Em janeiro de 2017, Dois Irmãos estreou em formato de minissérie na TV Globo, com direção de Luiz Fernando Carvalho e o ator Cauã Reymond no papel dos irmãos gêmeos radicados em Manaus.
Em 2015, Órfãos do Eldorado estreia nos cinemas, com direção de Guilherme Coelho.
Em 2023, é a vez de O Rio do desejo, uma adaptação do conto "O adeus ao Comandante", com direção de Sergio Machado.
A adaptação de Relato de um certo Oriente é aguardada para 2024, com a direção de Marcelo Gomes.
Dois Irmãos foi adaptado para quadrinhos pelos irmãos Gabriel Bá e Fábio Moon. O HQ foi publicado em vários países e vencedor do prestigioso Eisner Award for "Best Adaptation from Another Medium".
Hatoum é conhecido por misturar experiências e lembranças pessoais com o contexto sociocultural da Amazônia e do Oriente. Sobre o primeiro livro, assim ele explica: "No Relato de um certo Oriente há um tom de confissão, é um texto de memória sem ser memorialístico, sem ser auto-biográfico; há, como é natural, elementos de minha vida e da vida familiar. Porque minha intenção, do ponto de vista da escritura, é ligar a história pessoal à história familiar: este é o meu projeto. Num certo momento de nossa vida, nossa história é também a história de nossa família e a de nosso país (com todas as limitações e delimitações que essa história suscite)."
O colunista Roberto Amorim considera a escrita de Milton possuidora de "uma linguagem caudalosa e envolvente que faz o leitor sentir a força da boa literatura." Flora Sussekind observa que a prosa de Hatoum de deixa de lado velhos temas típicos do regionalismo, como o conflito do homem com a natureza e os seringueiros, e destaca o grande esforço técnico na estruturação de seu primeiro romance.
A partir do romance Relato de um certo Oriente, Milton Hatoum vem gozando de um reconhecimento muito grande por parte dos críticos e também dos leitores do seu país e do exterior. O primeiro livro, assim como seu recente Órfãos do Eldorado, são considerados por diversos críticos como "obras-primas". Milton já foi chamado de "O escritor que coleciona prêmios", mas disse certa vez: "não escrevo para ganhá-los". Foi considerado pelo crítico literário Luiz Costa Lima "um dos grandes ficcionistas do milênio".
Desde a infância, Hatoum sempre frequentou bibliotecas, que considera "um lugar democrático do saber, do conhecimento, na medida em que os livros transmitem saber, conhecimento, permitem viagens imaginárias".
As novas obras de Milton Hatoum começam a ganhar novas fronteiras. Dois livros do escritor e um conto foram adaptados para o cinema, e Dois Irmãos ganhou uma minissérie exibida na TV Globo — além de uma versão em quadrinhos lançada há pouco tempo. Hatoum ainda trabalha num novo livro, O Lugar Mais Sombrio e diz, a ser levado ou não a sério, que, depois dessa publicação, não irá mais escrever, pois considera que não terá mais nada a dizer.
Prêmio Jabuti – Romance Literário (1959–2020) | |
---|---|
1959–1969 |
1959: Jorge Amado • 1960: Marques Rebelo • 1961: Maria de Lourdes Teixeira • 1962: Osório Alves de Castro • 1963: Marques Rebelo • 1964: Francisco Marins • 1965: José Cândido de Carvalho • 1966: Érico Veríssimo • 1967: José Mauro de Vasconcelos • 1968: Bernardo Élis • 1969: Ibiapaba Martins |
1970–1979 |
1970: Maria de Lourdes Teixeira • 1971: Lenita Miranda de Figueiredo • 1972: Luis Martins • 1973: Rubens Teixeira Scavone • 1974: Lygia Fagundes Telles • 1975: Adonias Filho • 1976: Ivan Ângelo • 1977: Herberto Sales • 1978: Clarice Lispector • 1979: Mário Donato |
1980–1989 |
1980: Fernando Sabino • 1981: Dyonélio Machado • 1982: Sylviano Santiago • 1983: José J. Veiga • 1984: Rubem Fonseca • 1985: João Ubaldo Ribeiro • 1986: Rubem Mauro Machado • 1987: Maria Adelaide Amaral • 1988: Emil Farhat • 1989: Maria Alice Barroso • Renato Modernell |
1990–1999 |
1990: Milton Hatoum • 1991: Zulmira Ribeiro Tavares • 1992: Chico Buarque de Hollanda • 1993: Rachel de Queiroz • João Silvério Trevisan • José J. Veiga • Moacyr Scliar • Silviano Santiago • 1994: Isaías Pessotti • João Gilberto Noll • Otto Lara Resende • 1995: Jorge Amado • João Silvério Trevisan • José Roberto Torero • 1996: Ivan Ângelo • Rodrigo Lacerda • Carlos Heitor Cony • 1997: João Gilberto Noll • Fausto Wolff • Flávio Moreira da Costa • Luiz Alfredo Garcia-Roza • 1998: Luiz Alfredo Garcia-Roza • Márcio Souza • Sérgio Sant'Anna • 1999: Carlos Nascimento Silva • Sônia Coutinho • Modesto Carone |
2000–2009 |
2000: Moacyr Scliar • Flávio Aguiar • Carlos Heitor Cony • 2001: Milton Hatoum • Patrícia Melo • Domingos Pellegrini • 2002: Rubens Figueiredo • Dionisio Jacob • Luís Giffoni • 2003: Ana Miranda • Domingos Pellegrini • Bernardo Carvalho • 2004: Bernardo Carvalho • Luiz Antonio de Assis Brasil • Chico Buarque de Hollanda • 2005: Nélida Piñon • João Gilberto Noll • Cristovão Tezza • 2006: Milton Hatoum • Godofredo de Oliveira Neto • Domingos Pellegrini • Edgard Telles Ribeiro • 2007: Carlos Nascimento Silva • Luiz Ruffato • Antônio Torres • 2008: Cristovão Tezza • Bernardo Carvalho • Beatriz Bracher • 2009: Moacyr Scliar • Milton Hatoum • Daniel Galera |
2010–2019 |
2010: Edney Silvestre • Chico Buarque de Hollanda • Luis Fernando Verissimo • 2011: José Castello • Rubens Figueiredo • José Roberto Torero e Marcus Aurelius Pimenta • 2012: Oscar Nakasato • Edival Lourenço • Chico Lopes • 2013: Evandro Affonso Ferreira • Victor Heringer • Daniel Galera • 2014: Bernardo Carvalho • Michel Laub • Veronica Stigger • 2015: Maria Valéria Rezende • João Anzanello Carrascoza • Evandro Affonso Ferreira • 2016: Julián Fuks • Luis S. Krausz • Sheyla Smanioto • 2017: Silviano Santiago • Cristovão Tezza • Maria Valéria Rezende • 2018: Carol Bensimon • 2019: Tiago Ferro |
2020–presente |
2020: Itamar Vieira Junior • 2021: Jeferson Tenório • 2022: Micheliny Verunschk • 2023: Ruy Castro |
Controle de autoridade |
|
---|