Ogã

Ogã (do iorubá -ga: "pessoa superior", "chefe", "com influência"; do jeje ogã: "chefe", dirigente") é o nome genérico para diversas funções masculinas. Na religião afro-brasileira candomblé é o nome do sacerdote escolhido pela divindade ancestral orixá, que permanece lúcido durante todos os trabalhos, não entrando em transe, mas ainda assim recebendo a intuição espiritual.

Os instrumentos percussivos atabaques, no candomblé só podem ser tocados pelo ogãs musicais Alabê (nação Queto), Cambondo (nações Angola e Congo) e Runtó (nação Jeje), que é o responsável pelo Rum (atabaque maior que comanda o Rumpi e o Lê) e pelos ogãs nos atabaques menores sob o seu comando. É o Alabê que inicia o toque no Rum para que o orixá execute sua coreografia, de caça, de guerra, sempre acompanhando o floreio do instrumento.

Os atabaques são chamados de Ilú na nação Queto, e ingomba na nação Angola, mas todas as nações adotaram os nomes: Rum, Rumpi e, Le. Apesar de ser uma denominação Jeje.

Candomblé Jeje

Os cargos de ogã na nação Jeje são assim classificados:

Candomblé Queto

Os cargos de ogã na nação Queto são assim classificados:

Há também outros ogãs como Gaipé, Runsó, Gaitó, Arrou, Arrontodé.

Candomblé banto

Os cargos de ogã na nação bantu são assim classificados:

O ogã também tem um papel fundamental,em questão dos rituais e também para invocar a entidade, pois o ogã é o que toca para o santo (seja orixá, preto velho, caboclo, Exu, Erê, Pombagira, Boiadeiro etc.) o ogã depois do pai de santo, babalorixá e o sacerdote, é o mais próximo entre as entidades, pois o contato que o ogã faz é através do atabaque, também podendo dizer "toque para o santo". O ogã tem que gostar do que faz, pois não é só pegar um atabaque e repicar o couro, pois ao tocar, o ogã entra em contato direto com a entidade, invocando-a no corpo do medium ao cantar.

Para consagrar um ogã do terreiro ou abaçá, é feito um ritual sagrado, onde deita o atabaque e o ogã, consagrando ele como o que para o santo. Normalmente, é raro haver um terreiro que não tenha um ogã. " Gosto do que faço, quando toco para o santo, vem uma paz enorme em mim, sinto meu corpo leve e uma alegria ao ver o orixá na terra dançando através do toque", diz um ogã de um dos abaçás de Queto. A responsabilidade é muito grande para um ogã, por isso não é bom vacilar ou, como se diz, rebelar contra a entidade, podendo gerar consequências graves, pois o santo cobra em cima daquele filho rebelado ou revoltado.

Referências

  1. FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário da língua portuguesa. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 675.
  2. O Poder Dos Homens Na Cidade Das Mulheres Por: Tomazia Maria Santana de Azevedo Santos, UFBA
  3. a b Os homens que chamam os deuses pra terra