Pontos Ben-Day

Neste artigo analisaremos o impacto que Pontos Ben-Day teve em diversas áreas da sociedade. Desde o seu surgimento, Pontos Ben-Day captou a atenção de pessoas de todas as idades e interesses, tornando-se um fenômeno onipresente na cultura contemporânea. Através de uma análise exaustiva, exploraremos as diferentes perspetivas e opiniões que existem em torno de Pontos Ben-Day, bem como a sua influência em campos tão diversos como a política, a tecnologia, a moda e o entretenimento. Além disso, examinaremos o papel que Pontos Ben-Day desempenhou na transformação da sociedade e na forma como as pessoas interagem umas com as outras. Este artigo irá aprofundar os aspectos mais relevantes de Pontos Ben-Day, oferecendo uma visão completa e atualizada deste tema tão relevante hoje.

Exemplo de um trabalho com os pontos Ben-Day. No círculo maior, os pontos coloridos usados. No círculo menor, o efeito conseguido com a técnica.

Os Pontos Ben-Day, processo de Ben-Day, retícula Ben-Day ou retícula de ponto duro,[1][2] constituem um processo gráfico chamado assim em homenagem ao ilustrador e gráfico Benjamin Day.[3] É similar ao pontilhismo, estilo introduzido pelos artistas plásticos.[4]

Embora o processo seja comumente descrito em termos de pontos Ben-Day, outras formas também podem ser utilizadas, como linhas paralelas ou texturas.[5]

Dependendo do efeito que se quer, usando o colorido e ilusões de ótica, pontos pequenos são desenhados nesse processo em espaçamentos curtos ou longos, ou mesmo sobrepostos.[6] Os pontos da cor Magenta, por exemplo, devem ter espaçamentos longos para criarem a cor rosa. Revistas populares e de quadrinhos dos anos de 1950 e 1960 nos Estados Unidos, usaram os pontos Ben-Day nas quatro cores gráficas básicas ou CMYK (Ciano, magenta, amarela e preta) para colorirem com baixo custo as partes sombreadas ou conseguirem cores secundárias tais como o verde, roxo, laranja e tons róseos.

Apesar de serem conhecidas como retículas no Brasil, elas diferem das retículas tradicionais pois nessa segunda forma os pontos são em preto e branco e distribuidos em espaços iguais e em áreas específicas. O processo difere do sistema de meio-tom, no qual os pontos variam continuamente de tamanho para produzir gradações de sombra ou cor, sendo este último frequentemente derivado de fotografias. Os pontos Ben-Day, por outro lado, possuem tamanho e distribuição uniformes em uma área específica, sendo geralmente aplicados em arte linear ou design gráfico.[7][8]

Para aplicar os pontos em um desenho, o artista deve usar folhas de papel transparente em camadas, disponíveis em papelarias. As folhas fornecidas são fabricadas com uma grande variedade de pontos e espaçamentos, propiciando inúmeras opções de tonalidades para usar em seu trabalho. O material transparente é cortado em pedaços e decalcados nas áreas desejadas, seja nas sombras de fundo ou desenhos frontais. Para as reproduções fotográficas servem como uma moldura para imagens e textos gráficos, com as áreas em pontos Ben-Day providenciando possibilidades de tons de sombreamento a serem usadas nas provas de impressão.

Princípio

O Ben-Day[9] permite colorir áreas com uma sobreposição de cores primárias mais ou menos tramas (magenta, amarelo, ciano e preto). Um tom com 100% de intensidade não possui trama — é um preenchimento sólido.

Cada área colorida da ilustração é uma sobreposição de valores de tramas (geralmente separadas por um contorno preto), o que dá a sensação de cores chapadas justapostas.

Pontos Ben-Day usados em uma ilustração do Captain Future, criação de Kin Platt.

Um tom reduzido a 50% possui 50% de branco (do papel) e 50% de cor, o que tem o efeito de suavizar a cor. Por efeito óptico, ocorre uma mistura visual entre os pontos da trama e o branco do papel.

Por exemplo, um preto a 50% torna-se cinza; o amarelo e o magenta juntos criam um laranja cuja intensidade depende dos valores da trama: quanto maior o percentual da trama, mais escura a cor; quanto menor, mais clara será.

O Ben-Day pode ser obtido com 1, 2, 3 ou 4 cores.

O Ben-Day permite obter várias nuances de uma mesma cor e tons intermediários entre duas cores. As cores obtidas por esse tipo de mistura tramada com cores primárias diferem das cores Pantone®.

Esse método de fotogravura, sem operação fotográfica, não permite criar degradês ou reproduzir fotografias.

As tramas devem ser orientadas em ângulos diferentes para evitar o efeito moiré. Também é importante prestar atenção à sobreposição dos percentuais de pontos, cuja soma não deve ultrapassar um certo limite para ser possível imprimir em papel — limite que varia conforme o tipo de suporte (papel couché, jornal etc.). Para contornar esse problema, utiliza-se o retirada sob cores.[10]

Existem catálogos de Ben-Day (impressos em papel couché ou não couché) que, por meio de um sistema de grades (linhas e colunas), permitem visualizar as combinações possíveis de sobreposição de cores primárias com diferentes valores de trama.

Utilização

Roupa reproduzindo arte de Lichtenstein.

O Ben-Day foi amplamente usado durante o século XX para facilitar a aplicação de cores em impressões em quadrichromia. O designer ou ilustrador entregava ao fotogravador o desenho base, geralmente em preto, e indicava num papel vegetal ou em filmes separados as diversas cores que desejava aplicar em cada parte do desenho. Conforme o caso, ele podia indicar os códigos de cor e os valores de trama desejados, ou simplesmente entregar um modelo ao impressor, que escolhia por conta própria as cores base e as tramas.

Essa técnica foi amplamente utilizada em histórias em quadrinhos coloridos, especialmente na metade do século XX, como uma forma econômica de criar sombreamentos e cores secundárias.[11][12][13] Os comic books estadunidenses do século XX empregavam esse processo de impressão em quadricromia, no qual as cores primárias (magenta, amarelo, ciano e preto) eram aplicadas em tramas sobrepostas para gerar tons variados — como verde, roxo, laranja e os indispensáveis tons de pele.

No Brasil, raramente as editoras brasileiras aplicavam os pontos nas publicações, sendo a EBAL uma das exceções mais notáveis.[14][15][16]


Os Pontos Ben-Day foram considerados a marca-registrada do artista americano Roy Lichtenstein, um dos principais expoentes da pop art. Lichtenstein incorporou elementos dos quadrinhos em sua obra, que os aumentava e exagerava em muitas de suas pinturas e esculturas, especialmente na sua interpretação das revistas em quadrinhos e de ilustrações contemporâneas.[17] Outros ilustradores e design gráficos usaram muito os Pontos Ben-Day para conseguirem efeitos similares em diferentes mídias.

Atualmente os pontos não são mais usados nos comics estadunidenses, as revistas que eram impressas com os pontos passaram a usar coloração digital chapada utilizada inicialmente pela Image Comics.[16][18]

Tramas de pontos semelhantes também são amplamente usadas na indústria do mangá.

Antes da era digital, os designers podiam simular o efeito Ben-Day em maquetes ou desenhos técnicos (como plantas arquitetônicas) utilizando folhas de trama aplicadas por fricção a seco (vendidas comercialmente).

Hoje em dia, os Ben-Day ainda são utilizados e os softwares de editoração permitem criá-los com facilidade. Se o monitor não estiver calibrado, é recomendável validar o resultado final por meio de um teste de controle.

A trilogia animada Spider-Verse (2018–2024) emprega uma variedade de estilos visuais, incluindo ilustrações com pontos Ben-Day visíveis, reforçando a estética dos quadrinhos.

Ver também

Referências

  1. Álvaro de Moya. Editora Perspectiva, ed. Shazam! - Volume 26 de Coleção Debates. 1970. pp. 36, 265 
  2. Projeto Gráfico - Teoria e Prática da Diagramação, p. 105, no Google Livros
  3. Kimball King. Routledge, ed. Modern dramatists: a casebook of major British, Irish, and American playwrights. 2001. 237 páginas. ISBN 9780815339267 
  4. Carol Anne Runyon Mahsun. UMI Research Press, ed. Pop art and the critics. 1987. 99 páginas. ISBN 0835718093 
  5. Edmund F. Russ (Oct 1919) "The Ben Day Process", Western Advertising, Vol. 1 No. 9, pp. 5-&c, Ramsey Oppenheim Co., San Francisco
  6. W. Livingston Larnard (1921) "How and When to Use Ben Day", The Printing Art Vol. 37, No.4, pp. 305–312 (See also: pp. 30, 216, 218, 347, 463)
  7. Gilbert P. Farrar (Sep 18, 1913) "Strong Displays by Use of 'Ben Day' Process", Printers' Ink, Vol. 84, No. 12, pp. 33–36, New York
  8. Willard C. Brinton (1919). "Graphic Methods for Presenting Facts", Industrial Engineering and Engineering Digest, Vol. 14, No. 12, p. 466, New York
  9. «lexique:lexique[Generation IG - Wiki de la chaine graphique]». generationig.free.fr. Consultado em 7 de abril de 2025 
  10. Jacqueline Pieters, Fabrication du document imprimé : chiffrer, commander, acheter, contrôler, Eyrolles, 2006 (ISBN 2-212-11509-1 et 978-2-212-11509-3, OCLC 172964198)
  11. «In Defense of Dots: The lost art of comic books» 
  12. "The Use and Abuse of Ben Day" (Jan 6, 1920) Business Digest and Investment Weekly, Vol. 25, No. 1. pp. 10–11, Arrow Publishing Corporation, NY
  13. Success in Commercial Art (1920) Meyer Both College of Commercial Art
  14. Samir Naliato (3 de março de 2001). «Mythos prepara lançamentos». Universo HQ. Consultado em 5 de junho de 2010 
  15. Rodrigo Arco e Flexa. Super-Heróis da EBAL: a publicação nacional dos personagens dos comic books dos EUA pela Editora Brasil-América (EBAL), décadas de 1960 e 1970 (PDF). Consultado em 5 de agosto de 2010. Arquivado do original (PDF) em 27 de fevereiro de 2007 
  16. a b Alexander Lancaster. «O Gibi, Esse Incompreendido! - Parte 2». Anime Pró 
  17. Andrew Edgar, Peter Sedgwick. Routledge, ed. Cultural theory: the key concepts. 2007. 54 páginas. ISBN 9780415399395 
  18. Alexandre Lancaster. «O Gibi, Esse Incompreendido! - Parte 1». Anime Pró