Butoh

Neste artigo iremos mergulhar no fascinante mundo de Butoh, explorando as suas origens, o seu impacto na sociedade e a sua relevância hoje. Desde as suas primeiras manifestações até à sua evolução ao longo do tempo, Butoh deixou uma marca indelével em vários aspectos da vida quotidiana. Nesta linha, analisaremos cuidadosamente os diferentes aspectos que fazem de Butoh um tema de interesse universal, bem como as implicações que tem em diferentes contextos e culturas. Não importa se você é um especialista no assunto ou se está apenas começando a descobrir sua importância, este artigo lhe dará uma visão completa e enriquecedora sobre Butoh.

O butô (em japonês: 舞踏, transl. 墨絵) ou ainda Ankoku Butô[1][2](暗黒舞踏, lit ''Dança das Trevas'') é uma dança que surgiu no Japão pós-guerra e ganhou o mundo na década de 1970. Criada por Tatsumi Hijikata (9 de março de 1928 - 21 de janeiro de 1986) na década de 1950 o butô é também inspirado nos movimentos de vanguarda, expressionismo, surrealismo, construtivismo, entre outros. Juntamente com ele, Kazuo Ohno (27 de outubro de 1906 - 1 de junho de 2010) divide a criação desta dança.

História

Butoh

O butô é o resultado, muito mais filosófico que artístico, da confluência de duas culturas completamente opostas e nitidamente anacrônicas: a ocidental, que vinha sendo moldada pela ideologia americana dos anos 1950, e a oriental, embasada em séculos e séculos da mais pura tradição milenar japonesa.

Tatsumi Hijikata e Kazuo Ohno, os expoentes e criadores dessa arte, buscaram nas vanguardas europeias, como no expressionismo, no cubismo e no surrealismo, e nas danças japonesas, como nô e bugaku, a inspiração para a criação de sua arte.

O Butoh tem um contexto histórico relacionado com o pós-guerra podendo se associar com o rasto de destruição deixado pelos bombardeamentos atómicos das cidades de Hiroshima e Nagasaki realizados pelos Estados Unidos contra o Império do Japão durante os estágios finais da Segunda Guerra Mundial, em agosto de 1945, o que viria a acrescentar uma estética grotesca e da abjecção. •Butoh acabaria por realizar o desejo artaudiano de um Teatro da Crueldade: um teatro da vida, da existência e suas forças mais dionísiacas. (Lousa, Teresa, LE BUTOH ET LE RAVISSEMENT DE L’ESPRIT, Paris, 2019, p. 339)

Propondo a subversão das convenções assumidas pelas vanguardas, o butô busca uma forma de expressão que não seja necessariamente coreografada, nem presa a movimentos estereotipados que remetam a uma técnica específica. Preocupa-se em expressar a individualidade do butoka sem máscaras nem véus de alegoria, mostrando o que o ser humano tem de verdade na alma, no espírito — mesmo que para isso desvende o que pode haver de mais sórdido, solitário e obscuro no interior do dançarino. E, a fim de que isso venha à tona, não cabe que o meio no qual se dá a expressão seja preso a convenções que mascaram a verdade interior do ser humano. O que deve ser feito, segundo a filosofia do butô, é libertar-se das formas do corpo e do pensamento.

Kazuo Ohno utilizava termos bastante sugestivos para a transmissão de conhecimentos aos discípulos. Eram eles: o corpo morto — o qual sugere um corpo e uma alma vazios, livres, leves, sem empecilhos que os impeçam de exprimir-se, incluindo-se aqui também a ideia do “olho de peixe”, que lembra os olhos de um cadáver, sem vida e estáticos, porém, assim como o peixe, extremamente vivos e prontos para reagir, como deve ser o butoka; crazy dance, estilo livre — referindo-se ao livrar-se de convenções que determinam os movimentos do corpo e da mente, uma expressão pura, particular a cada butoka; o passado, os mortos — segundo Kazuo, só somos hoje o que somos graças aos nossos mortos; aqui está inclusa a ideia zen-budista da transitoriedade das coisas, ou seja, a noção de que é necessária a morte para que haja a vida.

Como toda a arte que fica grafada nas páginas da história, o butô manifesta o que é universal, o que é o ser humano com a sua torpe verdade. Assim, tanto para o butoka quanto para aqueles que o veem dançar, as máscaras sociais são arrancadas, e a verdade de cada um é brutalmente desvendada, causando, por consequência, uma espécie de alvoroço interior que nos obriga a sair de nossas estaticidades e conformações em busca do nosso verdadeiro eu. Assim, se compreende o intento de Hijikata ao pretender o butô não como uma simples dança, mas como uma filosofia.

Ver também

Referências

  1. Filho, Alberto Hermanny (14 dezembro 2011). «Holodeck: ANKOKU BUTOH (BUTÔ): A DANÇA DAS TREVAS». Holodeck. Consultado em 16 de fevereiro de 2020 
  2. Weway. «Butoh». Cidade das Artes. Consultado em 16 de fevereiro de 2020 

Lousa, Teresa, LE BUTOH ET LE RAVISSEMENT DE L’ESPRIT, Paris, 2019

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