Comida enlatada

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A comida enlatada é uma forma de conservação dos alimentos através do seu acondicionamento apropriado em um recipiente geralmente produzido em metal.

Atualmente os mais diversos gêneros alimentícios e bebidas são vendidos enlatados, muitos deles exclusivamente deste modo. Como exemplo podemos citar o extrato de tomate, o leite condensado, o milho cozido, refrigerantes, entre outros. Alimentos enlatados podem manter sua qualidade para consumo por até dois anos.

Método

Atualmente os alimentos enlatados passam por um processo que tem por objetivo eliminar microorganismos e outros agentes nocivos que podem comprometer a qualidade do alimento e a saúde de seus consumidores. Entre os microorganismos nocivos que precisam ser eliminados está o Clostridium botulinum causador do botulismo.

Primeiramente os alimentos são acondicionados nas latas, que são preenchidas por água, óleo ou uma solução ácida. Em seguida, as latas são fechadas hermeticamente e expostas a altas temperaturas e pressões. Todo o processo é automatizado sendo realizado por máquinas sem requerer contato manual.

Alguns tipos de alimentos podem receber alguns compostos químicos durante o processo para melhorar ainda mais o tempo de conservação ou mesmo a aparência. Carnes enlatadas recebem nitrato de sódio para preservar a sua cor.

História

Os homens têm buscado formas de melhorar a conservação dos alimentos para que eles estivessem disponíveis em épocas de pouca produção ou em locais de difícil abastecimento.

Nicolas Appert

A primeira iniciativa que levou a criação da comida enlatada foi feita pelo francês Nicolas Appert em 1809 atendendo uma convocação do governo de seu país para levar comida em conservas para a frente de batalha durante o governo de Napoleão Bonaparte. A estratégia se mostrou um sucesso e por isso ele recebeu um prêmio de doze mil francos ao publicar suas idéias num livro. Inicialmente foram empregados vasilhames de vidro grosso ao invés de latas.

O processo utilizado por Appert é parecido com o atual, envolvendo o aquecimento da conserva com os recipientes fechados com rolha de cortiça. Na época seu criador atribuiu a conservação ao fechamento hermético dos recipientes, algo contestado anos mais tarde por Louis Pasteur em 1846 que atribuiu a conservação ao fato do processo eliminar os microorganismos identificados por Anton van Leeuwenhoek.

Tomando conhecimento do processo, Peter Durand o patenteou no Reino Unido em 1810. No ano seguinte vendeu sua patente para uma empresa que substituiu os vasilhames de vidro e a rolha de cortiça por latas de ferro estanhado, iniciando o uso de latas de metal.

Inicialmente as latas não foram amplamente aceitas pelos consumidores pois o alto preço da lata, a grande oferta de comida fresca e a dificuldade para abrir as latas desmotivavam o consumo. Curiosamente o abridor de latas foi criado apenas em 1815 e até então as latas precisavam ser abertas com martelo e talhadeira.

Desde então o processo de produção das latas tem se aprimorado, tornando o processo de produção mais fácil com menor custo. Passaram a ser largamente utilizadas em navios durante viagens longas. As latas também marcaram presença importante em diversos momentos como na Primeira Guerra Mundial e na Guerra Civil Americana no abastecimento das tropas. Os conflitos impulsionaram o desenvolvimento de melhores técnicas que mais tarde seriam aproveitadas com fins civis.

Portugal possui uma longa tradição na preparação de conservas alimentares. As primeiras fábricas conserveiras instalaram-se nesse país no final do século XIX. A indústria conserveira portuguesa floresceu nas décadas seguintes, durante todo o século XX. Na década de 1940, Portugal era o maior exportador de conservas à escala mundial, tendo o sector se desenvolvido exponencialmente durante a II Guerra Mundial, dado que esta indústria se tornaria subsidiária da indústria de guerra. Na actualidade, Portugal continua a ser um grande produtor e exportador de conservas alimentares, primando pela excelente qualidade dos seus produtos.

Só em 1935 bebidas passariam a ser vendidas em latas com o surgimento da primeira cerveja vendida deste modo.

Cronologia

A recente história da conservação de alimentos em latas pode ser assim resumida nos seguintes eventos:

Referências

  1. «Can Manufacturers Institute» (em inglês) 
  2. a b c d «Correio Gourmand: História das Conservas» 
  3. Esther Inglis-Arkell (27 de novembro de 2017). «Don't lose a finger: The 200-year evolution of the can opener». Ars Technica. Consultado em 27 de novembro de 2017 
  4. a b «Portal CSN: História da Lata» 
  5. ALMEIDA, Andreia (2015). A Indústria Conserveira de Sesimbra (1933-1945). Saarbrücken: Novas Edições Académicas. Consultado em 25 de maio de 2016 
  6. Revista "Gosto" - Editora Isabella, n.º 9, abril 2010, pg. 93 Walterson Sardenberg"

Ligações externas