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Iecuno-Amelaque ይኵኖ አምላክ | |
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Imperador da Etiópia ![]() | |
Retrato coetâneo de Iecuno-Amelaque da Igreja de Ganeta-Mariam, Lalibela | |
1º Negus da dinastia salomónica | |
Reinado | 1270 – 1285 |
Antecessor(a) | Ietbaraque |
Sucessor(a) | Iagba-Sion |
Dados pessoais | |
Morte | 1285 |
Descendência | |
Dinastia | salomônica |
Iecuno-Amelaque[1] (em amárico: ይኵኖ አምላክ; romaniz.: Yekuno Amlak), cujo nome real foi Tasfa Jesus (Tasfa Iyasus), foi um príncipe amárico da província de Bete-Amara (no atual região de Amara) que tornou-se imperador da Etiópia ao derrotar o último negus (rei) do Reino Zagué. Reinou de 1270 a 1285 e fundou a dinastia salomônica.[2]
Muito do que se sabe sobre Iecuno-Amelaque se baseia em tradições orais e hagiografias medievais. Era filho de Tasfa Jesus[3] Foi educado no Mosteiro de São Estêvão, no lago Haique, perto de Amba Sel, onde posteriormente as hagiografias medievais afirmam que São Tacla Haimanote o educou e ajudou a depor o último negus (rei) do Reino Zagué. Entretanto, hagiografias anteriores afirmam que foi Jesus Moa, o abade do Mosteiro de São Estêvão, que o ajudou a obter poder. George Wynn Brereton Huntingford explica essa discrepância apontando que São Estêvão já foi o principal mosteiro da Etiópia, mas Debre Libanos, de Tacla Haimanote, eclipsou São Estêvão e, a partir do reinado de Ámeda-Sion I (r. 1314–1344), tornou-se costume nomear à função de ichege, ou chefe secular da Igreja Etíope, o abade de Debre Libanos. No entanto, nenhuma dessas tradições é contemporânea de qualquer um dos indivíduos envolvidos.[4]
Havia também a história, relatada tanto na Vida de Jesus Moa quanto na Be'ela nagastat, de que um galo foi ouvido profetizando fora da casa do Iecuno-Amelaque por três meses que quem comesse sua cabeça seria rei. O rei matou e cozinhou o pássaro, mas o cozinheiro descartou a cabeça do galo - que Iecuno-Amelaque comeu e, assim, tornou-se governante da Etiópia. Os estudiosos apontaram a semelhança entre essa lenda e a do primeiro rei de Cafa, que também aprendeu com uma voz misteriosa que comer a cabeça de um determinado galo o faria rei, assim como o Mashafa dorho etíope ou "Livro do Galo", que relata uma história sobre um galo cozido apresentado a Jesus Cristo na Última Ceia, que é trazido de volta à vida.[5]
A história tradicional relata ainda que Iecuno-Amelaque foi preso pelo rei Zagué Za-Ilmaquenum ("o desconhecido, o oculto") no Monte Malote, mas conseguiu escapar. Reuniu apoio nas províncias de Amara e Xoa, e depois de receber ajuda considerável do Sultanato de Xoa com um exército de seguidores, derrotou o rei Zagué.[6] Taddese Tamrat argumentou que este rei era Ietbaraque, mas devido a uma forma local de damnatio memoriae, seu nome foi removido dos registros oficiais.[7] Um cronista mais recente da história de Uolo, Getatchew Mekonnen Hasen, afirma categoricamente que o último rei do Zagué deposto por Iecuno-Amelaque não era outro senão o próprio Neacueto-Leabe.[8]
Com ajuda do Sultanato de Xoa, Iecuno-Amelaque rivalizou contra o Reino de Damote, situado ao sul do Nilo Azul,[6] inclusive fazendo uma campanha parcialmente bem sucedida contra Damote. Em data incerta, ordenou a construção da Igreja de Geneta-Mariam, perto de Lalibela, que tem as primeiras pinturas murais datáveis da Etiópia.[9] Em 1275, enviou emissários ao imperador bizantino Miguel VIII (r. 1261–1282) com vários dons exóticos, incluindo uma girafa.[10][11] No mesmo ano, ou já em 1273,[9] com ajuda de Tacla Haimanote, entrou em contato com o patriarca copta de Alexandria João VII para obter permissão de estabelecer uma sé metropolita na Etiópia.[12][13] O contato foi feito mediante envio duma carta ao sultão Baibars (r. 1257–1277) através do Sultanato Raçúlida do Iêmem e nela reforçou sua boa disposição em relação aos governantes muçulmanos. No fim, entretanto, o Sultanato Mameluco não enviou bispos à Etiópia e o negus culpou o sultão iemenita de ter interferido nas relações com o Cairo.[9]
Taddesse Tamrat interpreta a alusão do filho de Iecuno-Amelaque aos padres sírios na corte real como resultado da falta de atenção do patriarca e também observa que, nessa época, os patriarcas de Alexandria e Antioquia estavam lutando pelo controle da nomeação do bispo de Jerusalém, até então prerrogativa de Antioquia. Um dos movimentos na disputa foi a nomeação pelo patriarca Inácio IV Jesus (r. 1264–1282) de um peregrino etíope como abuna (chefe da Igreja Etíope). Esse peregrino nunca tentou assumir esse cargo na Etiópia, mas - argumenta Taddesse Tamrat - a falta de bispos coptas forçou Iecuno-Amelaque a confiar nos partidários sírios que chegaram ao seu reino.[14] Em 1279, segundo textos árabes achados em Harar, o Sultanato de Ifate apoiou a revolta de Dilgamis contra o sultão Dilmarra (r. 1269–1283), que foi brevemente deposto e buscou auxílio na corte de Iecuno-Amelaque.[15] O negus interveio, mas no fim do processo o resultado foi a desintegração do poderia muçulmano na região e a consolidação da posição de Iecuno-Amelaque.[16] Em seus últimos anos, correinou com seu filho e sucessor Iagba-Sion (r. 1285–1294), que o sucedeu em 1285. Teve ao menos outro filho, Uidim-Reade (r. 1299–1314).[17] Seu descendente Baida-Mariam I (r. 1468–1478) mandou reenterrar seu corpo na Igreja de Atronsa-Mariam.[18]