Assassino em série

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Assassino em série
Assassino em série"O Nêmesis da Negligência"
Jack, o Estripador retratado
como um fantasma assombrando Whitechapel e "personificando"
a negligência social, num cartoon da revista Punch de 1888.

Um assassino em série ou assassino serial (também conhecido pelo nome em inglês, serial killer) é um tipo de criminoso de perfil psicopatológico que comete crimes com determinada frequência, geralmente seguindo um modus operandi e às vezes deixando sua "assinatura", como por exemplo coleta da pele das vítimas — no caso de Ed Gein. Comumente, em casos mais ilustres, a figura do criminoso é eternizada na cultura popular, sendo reconhecida por várias gerações.

O termo teria sido usado pela primeira vez em meados de 1970 por Robert Ressler, agente aposentado do FBI.

Definições

Segundo a Enciclopédia Britânica, um assassino em série é aquele que comete ao menos dois (02) assassinatos. Segundo esta enciclopédia também, o FBI inicialmente considerava que um criminoso poderia ser denominado serial killer quando matasse ao menos quatro (04) pessoas, mas que o órgão mudou esta definição nos anos 1990, quando passou a considerar que poderia ser definido um assassino serial quem matasse três (03) vítimas ou mais.

A criminóloga brasileira Ilana Casoy escreve em seu livro Serial Killer: louco ou cruel?, na página 18, que:

Uma definição de assassino em série foi publicada pelo Instituto Nacional de Justiça em 1988:

Perfil

Perfil psicológico

Ney Fayet Jr., professor de Criminologia do programa de pós-graduação em Ciências Criminais da PUC do Rio Grande do Sul, explicou para a BBC em novembro de 2017, que este tipo de criminoso age com "excesso de brutalidade, impulsividade, frieza e sadismo".

Características gerais do criminoso

Segundo o Psiqweb, há um estereótipo comum à maioria do assassinos em série: são homens jovens, de raça branca, que atacam preferentemente as mulheres e que cometeram seu primeiro crime antes dos 30 anos de idade. "Evidentemente aceita-se muitas exceções", enfatizou o site. Exemplos não faltam: Andrei Chikatilo, por exemplo, é considerado um serial killer de iniciação tardia, uma vez que cometeu seu primeiro crime após os 40 anos de idade. Assim, obviamente, há também diversos casos de serial killers do sexo feminino.

Psicopatia e psicose

Segundo o artigo O perfil psicológico dos assassinos em série e a investigação criminal, publicado pela Escola Superior de Polícia Civil, em geral os assassinos em série sofrem de psicopatia ou psicose. O autor do texto explica:

O artigo Transtornos de personalidade, psicopatia e serial killers, publicado pela Scielo, corrobora a ideia, citando um estudo que concluiu que 86,5% dos serial killers tinha psicopatia:

Motivação e satisfação sexual

Segundo o site especializado em Psiquiatria, Psiqweb, há serial killers que sofreram traumas ainda jovens, motivo pelo qual podem vingar-se da sociedade, das pessoas. Não raro este tipo de criminoso repete os crimes dos quais foi vítima - estupra meninos jovens quando ele mesmo foi estuprado na mesma idade - ou mata pessoas do perfil que lhe causaram algum trauma - matar prostitutas porque a mãe, por exemplo, era uma prostituta. Muitos deles também relataram em seus depoimentos terem sofrido bullying na escola ou mesmo em casa.

A Tríade de Macdonald

Muitos dos assassinos em série que foram capturados aparentavam ser cidadãos respeitáveis — atraentes, bem-sucedidos, membros ativos da comunidade — até que seus crimes foram descobertos. Geralmente demonstram três comportamentos durante a infância, conhecidos como a Tríade MacDonald:

Diagnóstico

Segundo o site especializado em Psiquiatria, Psiqweb, o diagnóstico leva em conta as características dos crimes, que seguem um padrão geralmente definido, o que diferencia o serial killer de outros assassinos:

Tipos

Existem basicamente dois tipos de assassinos em série:

Outra classificação é a proposta por Blackburn (1998) que desenvolveu uma tipologia para os subtipos de psicopatas, inclusive considerando o aspecto antissocial como se tratasse de um dos sintomas possíveis de estar presente em certos casos. Inicialmente ele fez uma distinção entre dois tipos de psicopatas e ambos compartilhando um alto grau de impulsividade: um Tipo Primário, caracterizado por uma adequada socialização e uma total falta de perturbações emocionais, e um Tipo Secundário, caracterizado pelo isolamento social e traços neuróticos.

Apesar de serem referências de um modelo patológico de agressão, a personalidade sociopata necrófila e/ou sádica, tal como diagnosticado por Fromm correspondem às características do ditador Adolf Hitler (18891945), detalhadamente analisado em seu livro (o.c.) e de outros personagens sabidamente cruéis, feito o cangaceiro brasileiro, vulgo Lampião (18981938) e outros personagens históricos como os imperadores romanos Nero (5468) e Calígula (3741). Observe-se, porém que a compreensão de cada personalidade deve ser devidamente contextualizada política e socioculturalmente antes de tentativa de enquadramento num diagnóstico psiquiátrico de psicopatia ou perversão. Essa contextualização é o que permite diferenciar o matador contumaz e lúcido, que na época e local ou grupo social, onde viveram são considerados normais ou líderes, do assassino em série isolado socialmente não diferenciados por quantidades de mortes que produzem (não considerando o efeito multiplicador da sua condição de líder) ou natureza de sua agressividade sádica.

Características gerais dos crimes

Em geral, os assassinos em série cometem crimes com certas características, que são, justo as que os diferenciam de outro assassinos e são uma espécie de assinatura. Ilana Casoy diz que "suas vítimas têm o mesmo perfil, a mesma faixa etária, são escolhidas ao acaso e mortas sem razão aparente".

No entanto, Casoy enfatiza que a área de atuação e o modus operandi são mais característicos dos assassinos do tipo "organizados". Ela usa o termo, por exemplo, "geograficamente estáveis ou não" e escreve também que os desorganizados "agem por impulso, perto de onde moram, usando armas encontradas no local de ação".

Incidência e histórico de casos

Anthony Perkins, interpreta Norman Bates, o empalhador matricida que se dizia vítima de sua própria armadilha, no filme Psicose de Alfred Hitchcock. Ottis Toole

Diante das dificuldades de identificação dos potenciais agressores, bem como do espectro variado de suas manifestações, uma estratégia de estimar sua incidência ou prevalência, que nesse caso são equivalentes pela cronicidade do quadro, é calcular a incidência global do transtorno de personalidade (TP) na população geral que, segundo revisão de Morana et al, varia entre 10% e 15%, sendo que cada tipo de transtorno contribui com 0,5% a 3%. Entre os americanos adultos, 38 milhões apresentam pelo menos um tipo de TP, o que corresponde a 14,79% da população. Esse tipo de transtorno específico de personalidade é marcado por uma insensibilidade aos sentimentos alheios. Quando o grau dessa insensibilidade se apresenta elevado, levando o indivíduo a uma acentuada indiferença afetiva, ele pode adotar um comportamento criminal recorrente e o quadro clínico de TP assume a forma de psicopatia.

Não há como enumerar a incontável lista de assassinos em série, num passado tão tumultuado e violento como o da humanidade e o método clínico baseia-se na análise de histórias de vida. A título de exemplo observe-se os casos mais conhecidos, cruéis e bizarros que são:

Alguns assassinos em série em países lusófonos

No Brasil

Em Portugal

Outros assassinos em série no mundo

Aileen Wuornos

Atiradores a esmo

A tipificação dos crimes e delitos é um exercício comum às ciências jurídicas, sociais e à psicologia. Uma possível classificação de perversões ou psicopatologias que tem como consequência uma multiplicidade de vítimas é a identificação de uma categoria para o criminoso, tal como criada a categoria dos serial killers. Um exemplo típico é o criminoso que atira a esmo (shoothing away), aparentemente sem a escolha típica de um perfil identificador ou biotipo onde focaliza sua atenção e/ou o seu ódio. Esse padrão criminoso distingue-se do genocídio e atos terroristas e outras formas do assassínio em massa por ser uma escolha individual (algumas vezes de duplas ou pequenos grupos) mas são crimes igualmente premeditados e planejados, confundem-se, também, com a categoria mórbida do suicídio ampliado, ou seja crimes passionais seguidos de autodestruição e/ou o ataque-suicida. Nina Rodrigues (1862-1906), um dos primeiros pensadores brasileiros sobre os massacres coletivos, considerava o crime a dois, tipo o de Columbine, 1999, a forma embrionária dos crimes em massa, já sendo possível identificar-se a condição de líder e liderado bem como a presença de "ideologia" ou crença motivadora. O cerco à escola de Beslan, por outro lado é um outro exemplo onde não se distingue nitidamente a ação individual da coletiva.

Observe-se que toda categorização é imperfeita, mas deve ser realizada para que melhor se possa tentar prevenir ou controlar tais fenômenos. A relação abaixo apresentada, por exemplo, pode ser compreendida ou modificada pela idade e tipo de motivação do agressor ou mesmo pelo local da escolha da vítimas (escolas, shoppings, cinemas, estradas, etc.):

Não atiradores com padrão de "escolha" aleatório

Ver também

Referências

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  3. a b Modelli, Lais (24 de novembro de 2017). «Existem mais serial killers homens do que mulheres - ou as criminosas apenas não são descobertas?». BBC News Brasil 
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  5. Newton, Michael. A Enciclopédia de Serial Killers. SP,Madras, 2008
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  23. Atirador forçou entrada na escola, diz polícia

Ligações externas