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3 João | |
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Categoria | Epístolas Universais |
Parte da Bíblia | Novo Testamento |
Precedido por: | 2 João |
Sucedido por: | Judas |
Novo Testamento | |
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Livro Histórico | |
Epístolas Paulinas | |
Livro Apocalíptico |
A Terceira Epístola de João, geralmente referida apenas como 3 João, é o vigésimo-quinto e antepenúltimo livro do Novo Testamento[1] da Bíblia e atribuído a João, o Evangelista, tradicionalmente considerado também o autor do Evangelho de João e das outras duas epístolas de João. A Terceira Epístola de João é uma carta privada redigida por um presbítero, e direcionada a um homem chamado Gaio, recomendando-lhe a hospitalidade a um grupo de cristãos liderados por Demétrio, que havia pregado o Evangelho na área onde Gaio vivia. O objetivo da carta é encorajar e fortalecer Gaio e advertí-lo contra Diótrefes, que se recusava a cooperar com o autor da carta.
A literatura da igreja dos primeiros séculos não menciona esta epístola, sendo que a primeira referência que aparece apenas em meados do século III. Esta falta de documentação, embora tenha ocorrido provavelmente devido à extrema brevidade da epístola, fez com que os escritores da igreja primitiva duvidassem de sua autenticidade até o início do século V, quando foi aceita juntamente com as outras duas epístolas de João. A linguagem de 3 João ecoa a do Evangelho de João, sendo tradicionalmente datada de cerca de 90 d. C., de modo que a epístola provavelmente foi escrita perto do final do primeiro século. Outros estudiosos contestam essa visão, como John A. T. Robinson, que afirma que a data aproximada de 3 João é de 60 a 65 d. C.[2] A localização da escrita é desconhecida, porém, convencionalmente é descrita em Éfeso. A epístola é encontrada em muitos dos manuscritos do Novo Testamento mais antigos, e seu texto está livre de grandes discrepâncias ou variantes textuais.
Não há nenhuma doutrina estabelecida em 3 João, que é estritamente uma carta pessoal, mas o tema geral é a importância da hospitalidade, especialmente quando se trata de homens que estavam trabalhando para espalhar o evangelho. Terceiro João é o livro mais curto da Bíblia se tratando do número de palavras,[3] embora a Segunda Epístola de João apresenta menos versos.[4] É o único livro do Novo Testamento que não contém os nomes de "Jesus" ou de "Cristo".[5]
A carta é direcionada para um homem chamado Gaio.[6] Gaio parece ter sido um homem rico, uma vez que o autor da epístola, que se identifica apenas como "o presbítero", não pensou que poderia impor-lhe indevidamente a acolher alguns pregadores itinerantes por um curto período de tempo.[7] O presbítero pode ter convertido a Gaio, já que ele chama Gaio de seu "filho" na fé.[7] As Constituições Apostólicas VII.46.9 registram que Gaio foi feito bispo de Pérgamo, embora não haja confirmação histórica para esta declaração.[7]
O nome de Gaio aparece por mais três oportunidades no Novo Testamento. Primeiro, um Gaio cristão é mencionado na Macedônia como um companheiro de viagem de Paulo, junto com Aristarco (Atos 19:29). Um capítulo depois, um Gaio de Derbe é nomeado como um dos sete companheiros de viagem de Paulo que o esperaram em Trôade (Atos 20:4). Em seguida, um Gaio é mencionado residindo em Corinto, como sendo uma das poucas pessoas de lá (os outros foram Crispo e a família de Estéfanas) que foram batizadas por Paulo, que fundou a Igreja nesta cidade (1 Coríntios 1:14). Por fim, um Gaio é referido em uma seção de saudação final da Epístola aos Romanos (Romanos 16:23) como "anfitrião" de Paulo e também anfitrião de toda a igreja, seja qual fosse a cidade em que Paulo escrevia na época, provavelmente sendo Corinto.[6] No entanto, não há motivos para afirmar com certeza que algum desses homens fosse o Gaio de 3 João.[8]
O versículo 2, no qual o autor deseja a prosperidade material sobre Gaio, semelhante à prosperidade de sua alma, é um texto de prova comumente usado dentro da prosperidade dos ensinamentos do evangelho.[9]
O presbítero continua a redigir a sua carta, fazendo uma homenagem a Gaio por sua lealdade e a sua hospitalidade em relação a um grupo de "irmãos" itinerantes.[10] Os "irmãos" são irmãos na fé ou missionários, que, de acordo com o pedido de Jesus em Marcos 6:8-9, partiram sem dinheiro.[11] O presbítero então pede que Gaio forneça aos irmãos o necessário para continuarem sua jornada.[11]
O presbítero, em seguida, descreve seu conflito com Diótrefes, que não reconhece a autoridade do presbítero e está excomungando aqueles, como Gaio, que recebem missionários enviados pelo mesmo.[12] O presbítero menciona uma carta anterior que ele escreveu para a Igreja que foi reprimida por Diótrefes e diz que pretende visitar a igreja e enfrentar a Diótrefes.[13] "A igreja" é aparentemente conhecida por Gaio, mas provavelmente ele não é membro dela, pois, assim sendo, o presbítero não precisaria fornecer-lhe informações sobre as atividades de Diótrefes.[11] A disputa entre Diótrefes e o presbítero parece ser baseada na liderança e autoridade da igreja, e não na doutrina, já que o presbítero não acusa Diótrefes de ensinar a heresia.[14]
A maioria dos estudiosos não relaciona a carta que o presbítero menciona com 2 João, uma vez que 3 João não contém nenhuma referência à controvérsia doutrinária descrita em 2 João, e argumenta que o presbítero está se referindo a uma carta anterior de recomendação.[15] Ao contrário deles, John Painter, no entanto, argumenta que o presbítero está de fato se referindo a 2 João, uma vez que há coincidências entre 2 João 9 e o tema da hospitalidade em 3 João.[16]
O presbítero encerra esta seção com uma súplica a Gaio: "Amado, não sigas o mal, mas o bem. Quem faz o bem é de Deus; mas quem faz o mal não tem visto a Deus".[17] Esta ordem é uma reminiscência de várias passagens de 1 João (2: 3-5, 3: 4-10, 4: 7).[18]
O versículo 12 apresenta outro homem chamado Demétrio, que segundo as Constituições Apostólicas VII.46.9 foi ordenado por João como bispo de Filadélfia (atualmente Amã, Jordânia).[19] Demétrio provavelmente era um membro do grupo de missionários descritos anteriormente na carta, e 3 João provavelmente serve como uma carta de recomendação a Gaio sobre Demétrio.[19] As cartas de recomendação eram bastante comuns na igreja primitiva, como evidenciado por 2 Coríntios 3:1, Romanos 16:1-2 e Colossenses 4:7-8.[19]
O presbítero, antes de terminar a carta, diz que ele tem muitas outras coisas para contar a Gaio e planeja fazer uma viagem para vê-lo no futuro próximo, usando quase os mesmos termos de 2 João 1:12.[20] O versículo final, que diz: "Paz seja contigo. Os amigos te saúdam. Saúda os amigos por nome", é típico da correspondência contemporânea, com "Paz seja contigo" uma saudação adotada pelos judeus.[21]
Pode-se afirmar quase evidentemente que 3 João foi escrita pelo mesmo autor que escreveu 2 João, e provavelmente 1 João também.[22] Este indivíduo pode ter sido o próprio João, o Evangelista, ou então outra pessoa, talvez João, o Presbítero, embora de acordo com o estudioso C.H. Dodd: "se tentarmos identificar o autor anônimo dessas epístolas com algum indivíduo conhecido, temos pouca expectativa de acertar".[23]
Existem muitas semelhanças entre 2 e 3 João. Ambos seguem o formato de outras cartas pessoais da época; em ambas, o autor se autoidentifica como "o presbítero",[24] um termo que significa literalmente "o ancião";[25] e ambos lidam com temas sobre hospitalidade e conflitos dentro da igreja.[26] As cartas também são extremamente semelhantes em comprimento, provavelmente porque ambas foram escritos para caber em uma folha de papiro.[22]
3 João também é linguisticamente semelhante a ambas as epístolas de João e outras obras de João. De 99 palavras diferentes usadas, 21 são palavras sem importância como "e" ou "o", restando então 78 palavras significativas.[27] 23 destas não aparecem em 1 João ou no Evangelho de João, das quais quatro são únicos para 3 João, uma é comum a 2 e 3 João, e duas são encontradas em ambos os outros dois livros de João, bem como em outros escritos do Novo Testamento. Aproximadamente 30% das palavras significativas em 3 João não aparecem em 1 João ou no Evangelho, em comparação com 20% de 2 João.[28] Essas considerações indicam uma estreita afinidade entre 2 e 3 João, embora 2 João esteja mais fortemente conectado com 1 João do que com três João.[4] Uma minoria de estudiosos, no entanto, argumenta contra a autoria comum de 2 e 3 João, sendo que Rudolf Bultmann sustenta a afirmação de que 2 João era um documento falsificado com base em 3 João.[29]
Se 3 João realmente foi escrito por João, o Evangelista, no entanto, é estranho que Diótrefes se oponha a ele, uma vez que os apóstolos eram altamente respeitados na igreja primitiva.[30] Uma possível visão alternativa da autoria da epístola surge de um fragmento escrito por Papias de Hierápolis e citado por Eusébio, que menciona um homem chamado "Presbítero João". No entanto, como nada mais é conhecido deste indivíduo, não é possível identificá-lo comprovadamente como o autor de 3 João.[31]
As três cartas de João provavelmente foram escritas com um pequeno intervalo de alguns anos umas das outras, sendo que evidências internas indicam que foram escritas após o Evangelho de João, colocando-as na segunda metade do primeiro século.[32] Esta data faz sentido dadas suas alusões e oposição ao ensino do gnosticismo e do docetismo, que negaram a plena humanidade de Jesus, e que estavam ganhando ascendência no final do primeiro século.[33]
Dodd argumenta que ela foi escrita em uma data entre 96 - 110 d.C., concluindo por meio da ausência de referências a perseguições nas cartas que provavelmente foram escritas depois do severo reinado do imperador romano Domiciano, cuja perseguição aos cristãos aparentemente pode ter levado a escrita do livro de Apocalipse. Dodd observa, no entanto, que eles poderiam ter sido escritos na era pré-Domítica, o que é provável que tenha acontecido caso o autor fosse um discípulo de Jesus.[34] Marshall sugere uma data entre os anos de 60 e 90,[35] enquanto Rensberger sugere que a carta tenha sido escrita por volta do ano 100, assumindo que o Evangelho de João foi escrito na década de 90 e as cartas devem ter sido redigidas depois.[36] Brown argumenta sobre uma data compreendida entre 100 e 110, com as três cartas sendo compostas em uma proximidade curta de tempo.[33] Uma data entre 110 e 115 torna-se improvável, pois partes de 1 João e 2 João são citadas por Policarpo e Papias.[37]
As cartas não indicam a localização da autoria, mas, como as primeiras citações delas (nos escritos de Policarpo, Papias e Ireneu) provêm da província da Ásia Menor, é provável que as epístolas também tenham sido escritas na Ásia.[38] A tradição da igreja tipicamente as coloca na cidade de Éfeso.[36]
3 João é preservado em muitos dos antigos manuscritos do Novo Testamento. Dos grandes códices unciais gregos, os códices Sinaiticus, Alexandrinus e Vaticanus contêm as três epístolas de João, enquanto o Codex Ephraemi Rescriptus contém 3 João 3-15 junto com 1 João 1:1-4. O Codex Bezae, apesar de ter em falta a maioria das epístolas católicas, contém 3 João 11-15 em tradução latina.[39] Em outras línguas, além da versão grega, o Vulgata e as versão ciríacas, armenianas e etiópicas contém as três epístolas.[40] Entre as diferentes cópias, não há grandes diferenças, o que significa que há poucas dúvidas sobre o objetivo do texto original.[41]
Existem algumas semelhanças duvidosas entre as passagens nas epístolas de João com os escritos de Policarpo e Papias,[42] porém, as primeiras referências definitivas às epístolas ocorreram ao final do segundo século.[43] Irineu, em Adversus Haereses 3.16.8 (escrito aproximadamente em 180), cita 2 João 7-8, e na próxima frase 1 João 4:1-2, mas não faz distinção entre 1 e 2 João; e, além disso, não cita a 3 João.[44] A Cânone Muratori parece referir-se a apenas as duas primeiras cartas de João, embora seja possível interpretá-la como se referindo às três.[45] 1 João é amplamente citado por Tertuliano, que morreu em 215, e Clemente de Alexandria, o qual além de citar a 1 João, escreveu um comentário sobre 2 João em sua obra Adumbrationes.[46] As três epístolas de João foram reconhecidas pela 39ª carta festiva de Atanásio, o Sínodo de Hipona e o Concílio de Cartago.[47] Além disso, Dídimo, o Cego escreveu um comentário sobre as três epístolas, mostrando que, no início do século V, estavam sendo consideradas como uma única carta só.[47]
A primeira referência a 3 João ocorre em meados do século III; Eusébio diz que Orígenes conhecia a 2 João e 3 João, porém Orígenes é relatado afirmando que "todos não as consideram genuínas".[48] Da mesma forma, o Papa Dionísio de Alexandria, aluno de Orígenes, estava ciente da existência de uma "Segunda ou Terceira Epístola de João". Também em torno deste período, 3 João torna-se conhecida no norte da África, como foi referida na Sententiae Episcoporum, produzida pelo Sétimo Conselho de Cártago.[49] Haviam dúvidas sobre a autoria de 3 João, no entanto, com Eusébio listando este e 2 João como "livros disputados", apesar de descrevê-los como "bem conhecidos e reconhecidos pela maioria". Apesar de Eusébio acreditar que o apóstolo escreveu o evangelho e as epístolas, é provável que a dúvida sobre a confirmação da autoria de 2 e 3 João fosse um fator que contribuía com que fossem considerados disputados.[47] No final do século IV, o presbítero (autor de 2 e 3 João) era considerado uma pessoa diferente do apóstolo João. Esta opinião, embora relatada por Jerônimo, não foi aceita por todos, visto que o próprio Jerônimo atribuiu as epístolas ao apóstolo João.[50] Um fator que ajuda a explicar o atestado tardio de 3 João e as dúvidas sobre sua autoria é a natureza muito curta da carta; os primeiros escritores simplesmente não tiveram oportunidade de a citar.[51]